Formação Avançada em [História de] Arquivos

By | 27 de Novembro de 2007

Vamos a ver então se me entendo a mim próprio:

O quadro 3 – "Arquivos da administração local" da tese de doutoramento da Drª Fernanda Ribeiro apresenta 289  linhas onde consta que o tipo de instrumento de acesso é "inventário de arquivos(regional)" de designação original "recenseamento", de ordenação alfabética. Aponta mesmo que as fontes de informação para estas linhas são as referências bibliográficas 426 a 429 a que correspondem:

  • 426 – Recenseamento dos arquivos locais : Câmaras Municipais e Misericórdias. Vol. 1 – Distrito de Lisboa. Coord. José Mariz. [Lisboa] : Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, 1995. ISBN 972-9107-23-4.
  • 427 – Recenseamento dos arquivos locais : Câmaras Municipais e Misericórdias. Vol. 2 – Distrito do Porto. Coord. Maria João Pires de Lima. [Lisboa] : Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, 1996. ISBN 972-8107-24-2.
  • 428 – Recenseamento dos arquivos locais : Câmaras Municipais e Misericórdias. Vol. 3 – Distrito de Viana do Castelo. Coord. Maria Olinda Alves Pereira. [Lisboa] : Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, 1996. ISBN 972-8107-25-0.
  • 429 – Recenseamento dos arquivos locais : Câmaras Municipais e Misericórdias. Vol. 4 – Distrito de Portalegre. Coord. Ladislau Pereira de Figueiredo e Silva. [Lisboa] : Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, 1996. ISBN 972-8107-21-8.

Estas 289 linhas referem-se a fundos de arquivo de órgãos de administração local existentes em vários arquivos, a saber: 12 arquivos distritais diferentes, 9 bibliotecas municipais, 35 câmaras municipais, 2 juntas de freguesia, 2 museus e 7 misericórdias.

Depois de 1996, e patentemente ausentes da bibliografia da tese de Fernanda Ribeiro, foram editados os seguintes volumes  dos  "Recenseamento dos Arquivos Locais":

  • Vol. 5 – Distrito de Vila Real. AN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 1997, pp. 165   
  • Vol. 6 – Distrito de Faro. AN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 1997, pp. 214   
  • Vol. 7 – Distrito de Coimbra IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 1997, pp. 494   
  • Vol. 8 – Distrito de Leiria IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 1997, pp. 201   
  • Vol. 9 – Distrito de Aveiro IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 1997, pp. 379   
  • Vol. 10 – Distrito de Castelo Branco. IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 1998, pp. 230   
  • Vol. 11 – Distrito de Setúbal. IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 2000, pp. 146   
  • Vol. 12 – Distrito de Évora. IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 2000, pp. 303   
  • Vol. 13 – Distrito da Guarda. Ministério da Cultura, IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 1999, pp. 283   
  • Vol. 14 – Distrito de Viseu. Ministério da Cultura, IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 2000, pp. 351    
  • Vol. 15 – Distrito de Bragança. Ministério da Cultura, IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 2006, pp. 145    
  • Vol. 16 – Distrito de Santarém. Ministério da Cultura, IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 2004, pp. 204
  • Vol. 18 – Distrito de Braga. Ministério da Cultura, IAN/TT, Inventário do Património Cultural Móvel, Lisboa, 2007, pp. 476    

Falta efectivamente editar o volume 17.

Depois disto constatado acende-se aqui uma luzinha na minha cabeça: há informação primária publicada a que os quadros da Drª Fernanda Ribeiro não podem fazer menção. Porra, há mais de 3300 páginas de dados novos, certificados por investigadores do IANTT, e nalguns casos levantamentos documentais completamente originais!!! Só de municípios, suas câmaras e suas funções de arquivo faltam mais de 260 que aquelas 289 linhas são sobre municípios vivos, extintos e freguesias, não sobre os 304 municípios existentes hoje em dia!!!

Mais ainda: consultando o Arquivo Distrital da Guarda, na sua presença internet, reparo que invocam constantemente o volume 13 da colecção supra, como sendo um instrumento de acesso, "inventário parcial da documentação", de cada um dos arquivos municipais ali mencionados (acho mesmo que usaram o Vol 13 como fonte para cada uma das páginas específicas). Até indicam o número das páginas relevantes para cada arquivo municipal um a um.

Portanto, para além de cada instrumento de acesso que cada edilidade indique, existe pelo menos um inventário parcial para todos os arquivos destes distritos. Sendo 17 volumes editados e havendo 18 distritos e duas regiões autónomas, pode-se dizer que o grosso dos arquivos municipais e arquivos de municípios dispõem de INVENTÁRIO PARCIAL.

Pensava eu, depois desta luzinha ter acendido, que um trabalho que pedia "[para] Arquivos Municipais – Distritais […] Traçar o percurso histórico dos respectivos arquivos enumerados (Constituição, regulamentação, organigrama; Organização e funcionamento; Instrumentos de acesso à informação)" obrigaria a fazer a actualização e expansão da informação recolhida pela Drª Fernanda Ribeiro, fosse pelos volumes posteriores à sua tese, fosse por contactos directos a estabelecer via internet, aliás obrigatórios para recolher informação sobre a posição orgânica e sobre a orgânica interna (não parece haver orçamento para ir ao DRE recuperar todas as edições de mapas orgânicos de todas as câmaras municipais). Achei mesmo que tal era a taxa de esforço mais esperada do trabalho.

Parece que não… o que importava mesmo eram os números dos decreto-lei e os anos em que uma série de coisas aconteceu na arquivística em Portugal… Portanto a todos os professores que me tentaram convencer que a perspectiva historicista da arquivistica estava ultrapassada…. só posso dizer: SEUS MENTIROSOS!

PS: A actualização é possível a nível de instrumentos de acesso disponíveis em cada município. É também possível obter a posição da função arquivo dentro da estrutura orgânica de cada município pelo Diário da Republica. Isso sim era um trabalho digno de um disciplina intitulada de "Formação Avançada em Arquivos". Um distrito por aluno, ou 20 municípios por aluno (304 municípios para 15 alunos) e a coisa fazia-se, talvez mesmo em 15 dias (ou três semanas com contactos postais)!!! E ficava um trabalho de que nos orgulharíamos e que citaríamos com brio no portofólio… mas parece que o verdadeiro sentido da disciplina é "Formação Avançada em [História de] Arquivos"

seja qual for o nome com que aparece no currículo

PPS: 304 municípios a 5 alunos por grupo dá uma responsabilidade de recuperação de informação de 60 municípios por cada um… para 15 dias de prazo não acredito que alguém tivesse calmo, à-vontade  e com vontade de aprender todos os decretos-lei relevantes…

  • Lembremo-nos de que o enunciado reza: "Traçar o percurso histórico dos respectivos arquivos enumerados (Constituição, regulamentação, organigrama; Organização e funcionamento; Instrumentos de acesso à informação)";
  • Esqueçamo-nos das correcções já em curso que pediam o número de técnicos superiores e profissionais de arquivos, aceitação de estagiários, etc

PPPS: O volume 10 (Castelo Branco) vem expresso na bibliografia recomendada, portanto o instrumento é conhecido.

PPPPS: Sim, comprei os 17 volumes, já que ainda falta fazer o que se adivinha ser o mesmo trabalho, mas em vez dos arquivos municipais é sobre as misericórdias e instituições similares. Porque? Porque não posso garantir que em viagem tenho acesso à internet em todos os hotéis em que tenho de ficar a estudar até às quinhentas ou sequer que as minhas credenciais de estudante do IPP, aderente à E-U, são reconhecidas em todos os sítios a que tenho de ir dar formação.

PPPPPS: As conclusões inferíveis da tentativa de contactar 304 municípios por email… essas ainda hei-de publicar num artigo na revista da Associação Nacional de Municípios Portugueses… tenho de falar com os colegas da Informática na Administração Pública dos grupos de trabalho da APDSI

PPPPPPS: Os 17 volumes, depois da conclusão desta disciplina, neste ano ou no próximo, serão oferecidos à biblioteca da ESEIG. Pode ser que assim alguém se lembre de aproveitar e fazer um inventário de Arquivos Municipais verdadeiramente útil para os estudiosos da área e actualizável ao minuto em que a correcção de informação devidamente certificada é recebida… um wiki parece um instrumento de trabalho adequado. [aproveite Gabriel David que eu não me importo]

PPPPPPPS: O mau estado em que está a função de arquivo corrente e histórico nos municípios portugueses é patente estudando quaisquer três municípios ao acaso. É absolutamente certo que isso é incontornável como conclusão de qualquer estudo que abarque 20 municípios. Estudando 60 municípios…. fica-se deprimido… e muito deprimido… e com tendências suicidas… mas não sabendo o decreto-lei não se arranja lá trabalho para começar a corrigir a situação… é até capaz de ser por isso que o tenho de saber… será?

Um pequeno desvio?

By | 26 de Novembro de 2007

MBA

A época para inscrições na Washington State para estudantes estrangeiros para 2008/9 já acabou!!! Calhando aproveito o 2008/9 para fazer um MBA’zito… 

StakeHolders numa Biblioteca Universitária…. pensando alto…

By | 17 de Novembro de 2007

Definições (depois de adaptadas):

  • Grupos sem cujo suporte a biblioteca deixa de existir (Stanford Research Institute)
  • Todas as pessoas, grupos ou organizações que podem reclamar parte dos recursos, atenção e produto da organização ou ser afectados pela produção da organização (John Bryson)
  • Os stakeholders duma biblioteca universitária são todos aqueles (pessoas/organismos) que são atingidos pela sua performance e têm algo a perder ou a ganhar conforme a performace melhora ou piora.
  • Stakeholders são mais que meros utilizadores da biblioteca: preocupam-se com o seu sucesso, promovem as suas actividades, são lobbyists em seu nome (Weingand, 1997).

A visão inclusiva do conceito aceita que pode haver grande variedade de relações entre um stakeholder e a Biblioteca, mas propõe que o foco seja colocado sobre

  • Os que investem nela (shareholders)
  • Os que compram/usam os seus produtos e serviços (customers)
  • Os que nela trabalham (empregados)
  • Os que lhe fornecem produtos e serviços (fornecedores)
  • Os em cujo seio ela opera: comunidade (local, nacional, internacional)

(Royal Society for the encouragement of Arts, Manufactures & Commerce (RSA))

Aos primeiros, shareholders, podemos assignar os organismos de gestão da Escola e do Instituto; indirectamente a biblioteca é influenciada pelo, mas não pode influenciar o Ministério que dota o Instituto e através deste a Escola de verbas. Por último a Nação com cujos impostos essas verbas são concretizadas.

Como "customers" podemos qualificar os professores, os alunos e outros investigadores, internos ou externos, que façam uso dos serviços da biblioteca

Empregados é, à partida, auto evidente

Em "fornecedores" temos todos os livreiros e fornecedores de bases de dados, de software de gestão do acervo, etc

À comunidade temos de assignar dois ou três componentes:

  • A dita sociedade/nação, que paga o funcionamento da biblioteca recebendo em troca graduados capazes de aumentar a riqueza nacional
  • A comunidade científica externa (nacional e internacional)
    • que cria a ciência documentada nos serviços adquiridos pela biblioteca
    • que recebe a ciência feita na instituição recorrendo aos serviços e produtos disponibilizados pela biblioteca
  • Uma outra comunidade que é stakeholder nos cursos ministrados na Escola são as entidades potenciais empregadoras dos licenciados.
    No caso do meu curso um dos stakeholders mais intímos são todos os directores de serviços de informação que um dia tenham de encarar a opção de contratar ou não um licenciado deste curso nesta escola.
    A ligação entre o stakeholder "sociedade" e o "curso-biblioteca-escola" é precisamente feita  através da ligação entre os "cursos"(linhas de produção) e o "mercado de emprego" (em que se concretiza o retorno dos serviços dos licenciados ao investimento feito pala sociedade).

Assim podemos apresentar a seguinte sequência de stakeholders (conforme mais ou menos afectados pela performance da Biblioteca):

  • Estudantes
  • Corpo docente (como utilizadores directos e como beneficiários do serviço prestado pela biblioteca aos primeiros)
  • Direcção da biblioteca
  • Funcionários da biblioteca
  • Gestão da Escola e do Instituto (especificamente como administradores e genéricamente como beneficiados da maior qualidade de licenciados)
  • Governo
  • Sociedade (teoricamente desde a humanidade no seu todo ao município)
  • Comunidades de investigação (externas)
  • O futuro

( Brophy, P. and Coulling, K. Quality management for information and library managers. London: Aslib Gower, 1996 (p. 41))

Stakeholders com alguma significância mas difíceis de enquadrar numa chamada ao planeamento estratégico:

  • Bibliotecas que formam redes e sistemas com esta
  • Os fornecedores
  • As associações profissionais (a comunidade de bibliotecários que é atingida pela performance de toda e cada biblioteca), mas isso obriga a enquadrar todo o sistema nacional de ensino superior e todas as suas bibliotecas, como stakeholder….

A biblioteca universitária e a cadeia de valor da universidade

By | 17 de Novembro de 2007

Pergunta: Ao lado dos professores, é a biblioteca universitária um agente cuja performance tem influência tanto na  qualidade do produto final(finalistas) imediato como qualidade da matéria prima (caloiros) a curto e médio prazo?

A performace de uma Universidade é medida pela empregabilidade dos seus formandos (não pelos números absolutos de formandos, isso é o ensino secundário).

Quanto maior a apetência do mercado pelo seu produto, formandos, em concorrência com outros formandos de cursos similares, maior a competição para entrar e mais alta a qualidade dos candidatos que se apresentam às vagas disponíveis. Certo?

É defensável que a qualidade dos serviços prestados pela biblioteca universitária seja um valor acrescentado tal como os serviços de orientação pedagógica prestados pelos professores?

Portanto: faz a biblioteca parte da cadeia de valor da Escola?

Que é defensável que sim, eu já sei…

O que me aflige é se será defensável que não?

A performance da Biblioteca (independentemente da percepção imediata da performance pelos utilizadores directos) não tem apenas impacto no trabalho apresentado pelo aluno ao professor, mas no trabalho mais tarde realizado pelo aluno, uma vez formado, na sociedade… e consequentemente na percepção da performance da escola por essa mesma sociedade, pois para a sociedade em geral a performance dos formados é sempre mais ou menos cognata com performace da Universidade

Medical Librarian 2.0

By | 17 de Novembro de 2007


O Indice:

  • Introduction (M. Sandra Wood)
  • Library 2.0: An Overview (Elizabeth Connor)
  • Virtual Reference Services for the Academic Health Sciences Librarian 2.0 (Ana D. Cleveland and Jodi L. Philbrick)
  • Applications of RSS in Health Sciences Libraries (Alexia D. Estabrook and David L. Rothman)
  • P.O.D. Principles: Producing, Organizing, and Distributing Podcasts in Health Sciences Libraries and Education (Nadine Ellero, Ryan Looney, and Bart Ragon)
  • Streams of Consciousness: Streaming Video in Health Sciences Libraries (Nancy T. Lombardo, Sharon E. Dennis, and Derek Cowan)
  • Social Networking (Melissa L. Rethlefsen)
  • Content Management and Web 2.0 with Drupal (Chad M. Fennell)
  • It*s a Wiki Wiki World (Mary Carmen Chimato)
  • Mashing Up the Internet (Michelle A. Kraft)
  • Index
  • Reference Notes Included

Já perdeu o sentido

By | 17 de Novembro de 2007

Não sei se há regras para o marketing por email mas ao fim de dois anos o titulo do email e do serviço já perdeu o sentido

E ando nisto de “era digital” desde, deixa cá ver, 1982/3, ainda a HP andava a vender calculadoras (muito boas mas apenas isso, calculadoras)

Tertúlias Tecnológicas do PIGeCo – Gestão de Conteúdos e Web 2.0

By | 15 de Novembro de 2007

Temos uma sociedade ligada à internet. Alguns dos nossos utilizadores nessa sociedade (e sem outros diferenciadores, são público das bibliotecas publicas) pertencem à geração nativa da internet (que apenas conhece um mundo com acesso permanente à internet). Outros dos nossos utilizadores são imigrantes digitais (conheceram o mundo sem internet) ou são info-excluídos (sem acesso à internet ou nem sequer estão no patamar da pirâmide de Maslow).

Para os nativos digitais a web é um mecanismo de acesso à informação (e ao ócio) completamente transparente, ou seja: nem dão por isso, de tal maneira o fazem sem esforço.

Defendo eu (e alguns outros pensadores da área) que o acesso das Bibliotecas a essas gerações (e a todas que se lhes seguirem) tem de passar pela internet.

(E ter uma presença na internet é muito mais que ter uma página na internet… muitos sítios de bibliotecas na internet não são presença, são “epitáfios” e “lápides”)

Portanto as bibliotecas vão ter de marcar presença na internet com serviços tão bons, bonitos, atraentes, viciantes, etc como a concorrência, ou seja: todos os outros serviços que concorrem pela atenção dos nosso utilizadores (que continuam a ter apenas 24 horas por dia para gastar).

Para uma presença dinâmica na web o uso de ferramentas web 2.0 é essencial. Para isso o tema “Gestão de Conteúdos e Web 2.0” é altamente relevante e pregnado de potencial.

A temática é muito boa…  talvez demasiado boa para ser explorada apenas a nível de tertúlia…. conversa de café… tendo ficado por explorar muita coisa, pois o fenómeno é de grande fôlego, podendo ter sido explorado em três perspectivas:

1ª A selecção de conteúdos pelo técnico de informação, para benefício dos utilizadores do seu serviço, numa web 2.0 em que até a nossa avó pode ser produtora de conteúdos. É por estar TUDO na internet que somos indispensáveis como técnicos de informação.

2ª O papel, o perfil, as competências e perícias necessárias ao técnico de informação  para ser um produtor de informação na web 2.0 (Sobre isto vejam a a apresentação de Fabiano Caruso no CTDI 2007)

3ª O papel, o perfil, as competências e perícias necessárias ao técnico de informação  para ser um auxiliar e formador eficaz dos seus utilizadores tanto no acesso à, como na produção da, informação na web 2.0.

Nas bibliotecas universitárias o problema é muito ainda mais premente: a quase totalidade dos utilizadores a nível de licenciatura é um nativo digital! Muitos dos utilizadores a nível de mestrado e doutoramento são imigrantes digitais especialmente bem integrados. O único grupo de clientes tipicamente imigrante digital (quando não info-excluído) é o corpo docente.

Também para bibliotecas e serviços de documentação e informação de empresas a temática da web 2.0 é fundamental: as ferramentas de comunicação e de criação (desenvolvimento, cimentação, etc) de sentido de comunidade oferecidas pela web 2.0 são altamente relevantes para muitas  empresas, principalmente as de topo. Mais ainda: também para estas empresas o acesso a técnicos e profissionais com à-vontade na criação de conteúdos, que possam moldar a imagem pública da empresa junto destes novos públicos é um factor preferencial. [Veja-se o mercado, apresentações anteriores, etc da conferência Social Media Forum]

Parece-me  difícil de contradizer  que dentro de muitos poucos anos a maior parte das relações entre as bibliotecas de sucesso e os seus utilizadores será por meio de ferramentas agora chamada de web 2.0 e os serviços da biblioteca serão prestados pela projecção destes no ambiente digital em que os utilizadores vivem (mais ou menos tempo).

A utilização destas ferramentas, o papel do serviços de informação e documentação bem como dos seus  profissionais, neste universo, que se adivinha já muito próximo, parece continuar a passar ao lado de muitos cursos da área, seja de licenciatura, de mestrado ou de doutoramento. Não só ao nível da reflexão como ao nível da formação. Num mundo em que é cada vez mais difícil apresentar factores diferenciadores nos currículos o Prof. Herrera falou muito bem de que os concursos estão cheios de gente que sabe catalogar e indexar, mas não de gente que saiba concretizar sítios internet dinâmicos e integrados com base de dados.

Estamos portanto no ponto fulcral do que ficou por dizer, e que parecia vir no título da Tertulia: qual a necessidade de embeber tecnologias web 2.0 na prática da docência e qual a necessidade de fazer dessas ferramentas objecto de formação…

Acho que a necessidade de formação já se estende às ferramentas Web 2.0: As  bibliotecas (e outros serviços de informação, memória e documentação) estão sedentas de se posicionarem dentro desta arena, e para isso precisam de pelo menos uma de duas coisas: ou auto formação ou licenciados  com estas competências à saida da Universidade.

Que a ESEIG não dê esta vantagem competitiva aos seus alunos é uma coisa que não me espanta. Que nem a Universidade de Granada o faça é preocupante. Que duas universidade americanas (San José e Washington State) já tenham uma cadeira semestral dedicada a ferramentas sociais é encorajador, que apenas sejam duas é também preocupante.


Trabalho (com algumas referências complementares e uns acentos corrigidos) apresentado no contexto da cadeira de Análise e Modelação de Sistemas por ocasião da “conversa” (com café e tudo) que o Prof. Doutor Vitor Herrero Solana da Universidade de Granada e Grupo SCImago veio fazer à ESEIG a convite do PIGeCO


Nota: Este texto e feito sob a influência de algumas das conclusões apresentadas em http://www.pewinternet.org/pdfs/PIP_ICT_Typology.pdf. Apesar de não serem sobre a população portuguesa, e independentemente das proporções relativas, o facto permanece que os utilizadores tipificados existem realmente… são consequência do acesso à internet de banda larga, não do país em que a acedem (com ressalva para a China?)