eLearning Lisboa 07: Boas Vindas

By | 15 de Outubro de 2007

Com um bonito ramalhete de ministros e secretários de estado na primeira fila, Luis Filipe da FDTI (Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação) começa por afirmar que esta é já a maior conferência sobre eLearning alguma vez realizada em Portugal com 84 oradores e 1800 participantes.

Agradecimentos aos diversos intervenientes e em especiaol ao Eng Carlos Zorrinho (o "Lisboa Man" que vem mesmo de  Lisboa) e a Roberto Carneiro, da comissão científica.

Carlos Zorinho: Um reconhecimento que a sociedade portuguesa adoptou o plano tecnologico. Esta conferência nasce da sociedade civil, sendo depois do lançamento, e apenas depois do lançamento, alvo de muitos apois institucionais.

"Há que criar um ambiente rico em conhecimento para que possamos criar uma sociedade em que seja natural aprender, da mema maneira que se respira bem num ambiente rico em oxigénio."

Claro que para mim é necessário criar um ambiente com acesso facilitado à informação para que a criação de conhecimento possa ocorrer, mas enfim, paradigmas diferentes sobre como medir conhecimento: ou em termos de médias escolares ou milhares de sms’s na véspera de Natal. Incidentalemente o método Irlandês, de raptar investigadores universitários de renome (raptados a 5 vezes o ordenado corrente com contrato inescapável de 5 anos) para leccionar nas suas universidades (inclusive em formação de novas gerações de professores primários) parece-me mais apropriado… mas enfim, o ministro é ele e não ele.

Depois dos agradecimentos o Engº Zorrinho lança-se num discurso que deve ter tito o título de trabalho  "Vivemos num tempo em que conhecimento é a principal fonte de valor" bastante interessante que será objecto de artigo próprio, onde se falou de muita coisa, inclusivamente de que "o mundo é plano" (coisa que eu já sabia e que graças a Deus este homem sabe).

Segue-se o Ministro do Trabalho e Solidariedade Social que chama à mesa a "qualificação" que é essencial para o "desenvolvimento" (espero que não seja "qualificação" no sentido de fábricas de diplomas que essa não contribui para o "desenvolvimento", apenas para a posição ocupada nos rankings de "qualificações" ). Formação inicial de jovens voltada para a empregabilidade… "Novas Oportunidades"… Catálogo Nacional de Qualificações

Segue-se ainda o Ministro da Presidência, , que fala e fala sobre o enquadrammento desta conferência na Presidência Portuguesa, etc, etc,… e nota a certa altura que este não é um país em que se pode entregar o IRS online… é um país em que 60% dos contribuintes fazem a declaração Online, em que mais de metade das novas empresas são criadas online, e desde há uns dias até online… em que se acabou com o Diário da Republica em papel (não me admira que haja tanta aceitação da versão online, afinal é a única que há…) Enfim … conversa de TIC, aliás de eTIC, e um pouco feita para estrangeiro ouvir.

Dia z acerta altura que temos agora, nas escolas, 1 computador com ligação à internet para 8 alunos, sendo desejado por este governo chegar a um ratio de 1 CPU para cada 2 alunos, o que deve fazer os importadores de computadores muito felizes. Mas a verdade é que as estatisticas de acesso ‘inclusivo’ (camadas mais desfavorecidas, pré-universitárias e a-universitárias) à internet estão aquém das médias europeias. Fará isto subir o nosso status nos resultados do PISA? Francamente… só sei que é ouro sobre azul a economia chinesa.

"Que esta conferência seja o que a europa precisa, ou seja um SUCESSO"

eLearning Lisboa 07: Porquê estar aqui?

By | 15 de Outubro de 2007

Porquê?

Ora essa! Porque a aprendizagem ao longo da vida não vai significar que se construam mais edifícios escolares, mas que se vão aproveitar os meios de comunicação para fazer a delivery da experiência educativa. E as bibliotecas estão desde há muito convocadas para fazer parte tanto da delivery como do suporte periférico à experiência (para quem quiser saber mais falem com a Drª Marta Miranda da BM de Vila do Conde).

As bibliotecas, principalmente as públicas, têm de se tornar locais em convidativos à experiência de aprendizagem, e

Nota-se aliás que organizações em Portugal se preocupam com a temática conforme as presenças.

Não esquecer que não é a ler que a gente aprende… essa é apenas uma das fases de acesso à informação, que depois de interirorizada e contextualizada se torna conhecimento.

PS: Não esquecer também que cada vez mais a formação continua dos profissionais de informação, entre eles os bibliotecários, vai ter de passar por este método. O tempo das peregrinações a Lisboa para cursos de Unimarc está a acabar.

eLearning Lisboa 07

By | 15 de Outubro de 2007

Organização 5 estrelas.

Só pra dar idéia da relevância do evento há  ex-ministros pelos corredores e na bicha para o café.

Para acordar o pessoal, às 8:45 da manhã, já havia um grupo de gaitas de foles a passear pelo recinto do congresso. ENERGIZANTE é o mínimo que se pode dizer.

Isto promete!!!

Voltei a ligar os RSS da RCLIS

By | 15 de Outubro de 2007

Voltei a ligar a função que permite obter informação sobre cargas recentes de trabalhos na RCLIS.ORG por meio de um canal RSS. Apenas consigo fazê-lo por assunto e por língua do trabalho, na medida em que a zona geográfica como assunto e o país de origem não são expressos em dublin core, pelo menos não na versão de eprints usada.

PS: A avaliação foi realizada tendo o trabalho obtido nota 20, o que contribuiu para o terceiro 19 em pauta.

A minha crítica a Vannevar Bush

By | 14 de Outubro de 2007

Acho qué é impossível fazer um curso de ciências da informação sem fazer um resumo crítico a “As we may think” de Vannevar Bush. Finalmente calhou-me a mim.

O problema sobre o qual Vannevar Bush lança uma série de reptos é o da digestibilidade da produção científica, ou seja, a capacidade de os cientistas se manterem a par de tudo o que é produzido por todos os outros cientistas numa determinada área1.

O problema não é novo tendo-se já em 1680 Leibniz debruçado sobre ele, ao reclamar contra “that horrible mass of books that keeps on growing…”, clamando pela elaboração de uma new kind of encyclopedia2 que resumisse os novos livros que todos os anos invadiam (sim já em 1680) as feiras de Leipzig e de Frankfurt.

Vannevar Bush, observando o mesmo problema, 250 anos depois, não só parece desconhecer completamente a solução de Leibniz (“Nucleus Librarius Semestralis”) como as suas evoluções3. Sendo um engenheiro, e portanto um tecnófilo, acha que a solução tem de ser uma máquina.

A solução de trailblazzers, conforme antevista por Vanevar Bush, vai ser razoavelmente concretizada por Eugene Garfield4, ao criar o Science Citation Index, em 1964, onde cada novo paper cientifico é ligado a todos os papers que cita, criando-se assim uma ‘trail‘ de suporte e base científica. (ideia já proposta por Ruth Hutchison Hooker5)

Este sistema veio a influenciar muito mais o processo de produção de literatura científica que o próprio documento de Vannevar Bush. E a influência ainda persiste no mercado de ‘honras’ criado por Garfield, que leva a que todos os cientistas sejam levados/forçados a publicar as suas conclusões6.

Também as bases de dados bibliográficas, que agregam todos os documentos produzidos numa determinada área, por uma série de descritores escolhidos por indexadores e documentalistas concretizam trails entre documentos independentemente da sua sequência no edifício da ciência humana.

Infelizmente, sendo esta uma operação realizada com o máximo de impessoalidade possível, estas trails apenas permitem a descoberta de documentos semelhantes, não de linhas de pensamento que podiam ser cruzadas em benefício da humanidade não permitindo a criação de associação livre7 entre documentos e conceitos, que leve ao progresso científico.

É ao nível de programas de gestão de citações que o utilizador é livre de estabelecer ligações entre documentos e de partilhar as ligações por si estabelecias com outros, em serviços como connotea8 e citeULike9.

Muitos do serviços de bookmarks sociais e folksonomias potenciam relações entre documentos como as antevistas por Vannevar Bush, mas salvo honrosas excepções (PennTags10 por exemplo) acabam sempre por desaguar uma salgalhada sem sentido ou controle.

Estamos a caminho do memex? Da manifestação física idealizada por Bush decerto não. Da mesma maneira que há muito esquecemos as rodas dentadas idealizadas por Otlet. Decerto que se, um dia, alguém fizer algo que agregue as tecnologias e ferramentas anteriormente citadas como CiteULike, connotea, del.icio.us, flickr e YouTube num “registador/documentador” de experiência científica… será um plug-in para FireFox.

Quanto a ter toda a literatura produzida no mundo ao alcance de todo e qualquer memex like device já estivemos mais longe. A questão, como é muito bem colocada por Michael Lesk, não é de digitalização da Opera Omnia da Humanidade, é de copyrigth. Mas o capitalismo documental, ou melhor, o Documento enquanto Kapital11 parece estar de boa saúde. Claro que haveria ainda de considerar a barreira linguística, já que a tradução nunca será automatizável já que parece definitivo que as línguas são uma mundo-visão especifica e indissociável de cada cultura, mas esta problemática acaba superada pela globalização da Língua Inglesa que ultrapassa por completo a Hipótese de Sapir-Whorf12

Conclusão

Ao fim destes anos todos o artigo de Vannevar Bush ao iluminar com o seu imenso prestigio pessoal a problemática da recuperação da informação e tendo-a colocado como um problema a ser resolvido pelo avanço tecnológico, continua a ser reconhecido como seminal para a Ciência da Informação. E no entanto nunca se considerou a possibilidade de denominar esta actividade como Engenharia da Informação, o que prova que a solução não é apenas tecnológica e o progresso científico não é determinístico. Nem Vannevar o pretendia. O seu memex era uma máquina de “esboços”, não um “turco” de fazer ciência… note-se aliás que Taniyama e Shimura se puseram a divagar sobre curvas elípticas e formas modulares, porque as bibliotecas das universidades japoneses ainda não tinham recuperado da destruição da II Grade Guerra.

Addenda

Além dos artigos citados foram lidos alguns outros cujo conteúdo apesar de não citado influenciou a presente resenha:

 As diatribes sobre o teorema de Fermat são baseadas em Singh, Simon. Fermat’s Enigma The Epic Quest to Solve the World’s Greatest Mathematical Problem. New York: Anchor Books, 1998.

1 Pessoalmente a impossibilidade de realizar esta tarefa é a principal responsável pela especialização cada vez mais pormenorizada dos domínios científicos, que se verifica desde muito antes do artigo de Vannevar Bush em análise. Aliás, suspeito que os limites epistemológicos de cada especialidade científica correspondem precisamente à quantidade material científico apreensível por um cientista do ramo.

2 Rayward, W. Boyd. Some schemes for restructuring and mobilising information in documents: a historical perspective.” Information Processing and Management: an International Journal. 30.2 (1994): 163-175. (http://instruct.uwo.ca/mit/345/PDF/Schemes.PDF)

3 Por exemplo: Ruth Hutchison Hooker, “A Study of Scientific Periodicals,” Review of Scientific Instruments 6 (1935): 333-38 apud Rayward, W. Boyd opus cit. (Este estudo encontra-se disponível, ainda que inalcançável em http://dx.doi.org/10.1063/1.1751892)

4 A Influência de “As we may think” sobre Garfield está muito bem documentada em várias entrevistas do último, por exemplo Brynko, Barbara. A Lifetime of Achievement and Still Going Strong.Information Today. 24.1 (2007): 21. 14 October 2007 (http://garfield.library.upenn.edu/papers/infotoday2007.pdf))

5 opus cit

6 Ainda que o mercado de subsídios à investigação coligado com o mercado de citações tenha formado uma dupla difícil de vencer tendo, ainda nos anos 50, o presidente Eisenhower chegado a afirmar que a caça ao subsídio tinha substituído a curiosidade científica.

7 Por associação livre falo daquela que foi por exemplo estabelecida para notar a hipótese de que todas curvas elípticas têm uma forma modular correspondente, conhecida por conjectura de Taniyama-Shimura, cuja prova matemática, muitos anos depois levará Andrew Wiles a provar o Teorema de Fermat

8 http://www.connotea.org/

9 http://www.citeulike.org/

10 http://tags.library.upenn.edu/

11 Ortografia propositadamente germanizada

12 Citada por Lesk.

ILI2007: Phil Bradley

By | 13 de Outubro de 2007

Phil Bradley

A apresentação:

É muito penoso, mas no post seguinte, Phil informa os amigos que foi confirmada a extensão do cancro de figado da sua esposa, tendo entre 6 e 36 meses de vida. Os meus sinceros desejos de que … de que quê? Será que há alguma coisas que se pode dizer numa situação destas?

Cocnheço o Phil ainda eu trabalhava para a Consulplano e ele para a SilverPlatter. No nosso primeiro contacto ensinou-me "Recuperação de Informação", matéria que estou a dar passados 16 anos em CTDI. É uma pessoa de uma simpatia extrema, e a sintonia que a ficção científica trouxe ao nosso entendimento nunca se desvaneceu… dói muito ver um  amigo passar por uma provação destas.